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Quem desejamos que Jesus seja nos dias de hoje?

Ora, ingenuidade pensarmos que sabemos quem é Jesus. O que afirmarmos saber passa pelas narrativas.
E as experiências?
A experiência diz apenas sobre experiência. Uma experiência não pode afirmar sua identidade, até porque o vizinho tem uma visão completamente diferente da figura de Jesus.
Como alguém que tenta ainda fazer dialogar fé e academia, penso que Jesus é de suma importância para nossos dias.
Mas, que Jesus?
Se atentarmos, os 4 Evangelhos traçam a figura de Jesus de acordo com a demanda de cada comunidade. As cartas e os demais registros neotestamentários também.
Posteriormente, as pregações e as hermenêuticas se deram também nessa vertente: olhando para suas realidades.
Quem seria Jesus?
Impossível acessar o Jesus do século I e tentar vivê-lo como seus discípulos.
Nossa saída é filtrar através de nossa comunidade, de nosso chão. A partir daí, olhar pra Jesus. As comunidades já faziam isso, ora.
Se olharmos para Jesus, poderemos cair num problema já presente: reproduzir um discurso mais próximo de nós que tentou ir até o séc. I, mas que, da mesma forma, acessou um discurso mais próximo do seu que tentou chegar lá também... Entende o redemoinho?
É por isso que eu creio numa leitura crítica e também nas interpretações variáveis.
Acredito que Jesus pode ser levado a sério em nossos dias se, contudo...
- tomarmos as narrativas sobre seus discursos mais intensos da relação de paz entre os humanos e tentarmos vivenciar seus ensinamentos diante de nossos pares;
- reproduzirmos as narrativas sobre suas palavras da não condenação;
- confiarmos nossas vidas a ideais que valem a própria vida;
- soubermos olhar para a tradição e tivermos coragem de dizer "eu, porém, vos digo";
- a timidez em lançar mão do chicote contra a comercialização e domesticação do sagrado, dominação e controle de consciências;
- formos aprendizes da simplicidade contra a complexidade que tende a interromper a própria vida;
- apresentarmos propostas contra impérios que retiram a liberdade de expressão;
- olharmos para o outro sem que este seja apenas um meio, mas também um fim em si mesmo;
- conseguirmos olhar pra dentro de nós e vermos a possibilidade de nos entendermos como parte do problema como da solução;
- aprendermos a chorar quando dói;
- aprendermos a sorrir quando dá vontade;
- deixar de viver quando é preciso fazer outros tomarem parte da vida.
Quem sabe assim a leitura sobre Jesus em nosso tempo não seja tão simpática?

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